6 de janeiro de 2011

8.1.3 A afirmação das novas potências

O rápido crescimento do Japão


O rápido desenvolvimento do Japão a partir de 1952 deveu-se a vários factores entre os quais se destacam: 

  • A ajuda norte americana que promoveu a implantação de um novo regime político multipartidário e democrático e a concessão de ajudas, apoios económicos e às exportações e uma ajuda financeira substancial necessária à recuperação do país.
  • o entendimento entre o Estado e os grandes grupos empresariais no sentido de promover o crescimento económico e o desenvolvimento social. O Estado interveio na regulação do investimento, na concessão de créditos, na protecção das empresas e do mercado nacional não sobrecarregando as empresas com obrigações sociais que dificultassem a sua reconversão e recuperação. 
  • Uma cultura tradicionalista com a colaboração activa de uma população imbuída de um espírito de entreajuda e de lealdade e colaboração com os empresários mantendo baixos níveis de reivindicação salarial e possuindo um nível de escolaridade elevado.  





O milagre japonês

Sem matérias primas e pouco território cultivável o Japão baseou o seu crescimento no pós guerra num desenvolvimento industrial e comercial em duas fases: 
  • de 1955 a 61 uma primeira fase em que a produção industrial triplicou e em que se realizaram investimentos nas industrias transformadoras de bens de consumo e indústria pesada. As exportações aumentaram assim como as importações de matérias primas. 
  • de 1966 a 71 com um novo impulso económico nas áreas da electrónica, indústria química e  produção automóvel. 

O afastamento da China do bloco soviético


Mao Tsé Tung tornou-se o líder da China comunista. Com ele o marxismo assumiu uma feição diferente do leninismo, o chamado maoísmo que enfatizava o papel dos camponeses na liderança da revolução e considerava a necessidade de uma revolução social protagonizada pelas massas sendo para isso necessário consciencializar as populações para as transformações revolucionárias tendo como base a actuação dos dirigentes de acordo com uma postura de humildade e autocrítica. 
A revolução não teve os resultados que Mao previa nos primeiros anos. É assim que, a partir de 1957 Mao,  afastou-se progressivamente da União Soviética e do seu modelo de desenvolvimento industrialista censurando a postura revisionista e reformista da coexistência pacífica, que krutschev desenvolveu, com as aproximações feitas aos E.U.A. e ao mundo ocidental. 
O Grande salto em frente desenvolveu-se então, incidindo a atenção governamental nas  comunidades rurais baseando-se num modelo de auto suficiência de agricultura comunal e  indústria artesanal, em vez da indústria pesada como ocorrera anteriormente. 
Censurado pelos soviéticos, Mao considerava a China o único país verdadeiramente comunista facto que seduziu os intelectuais de esquerda por todo o mundo nomeadamente os ocidentais e africanos. 
No entanto o falhanço desta política levou ao afastamento provisório de Mao que no entanto recuperou influência a partir de 1964 após a publicação do Livro Vermelho. Este, permitiu o regresso ao poder de Mao com a Revolução Cultural chinesa que  no entanto levou a um período de grande instabilidade que Mao só conseguiu vencer em 1968 recorrendo à repressão e efectuando uma depuração forçada na sociedade. 
Recuperando influência, Mao desenvolveu uma diplomacia intensa nomeadamente recorrendo ao apoio dos E.U.A. e do presidente Nixon que na altura estava envolvido no recrudescimento das  tensões com a União Soviética. Em 1971 a China Comunista substituiu a China Nacionalista (Formosa) na O.N.U.,facto que foi considerado uma grande vitória pelas esquerdas em todo o mundo e com enorme impacto no alastramento das tensões anti imperialistas em vários territórios de África e Ásia nomeadamente nos conflitos do Vietname, Laos, Angola, Moçambique e Guiné. Teve no entanto um forte impacto pela dissolução progressiva das influências políticas bipolares que até então se verificavam no mundo. A China tornou-se desde então numa grande potência militar a nível mundial. 


Ascensão da Europa - da CECA à CEE

Nos anos do após-guerra surgiu um novo consenso nos meios políticos quanto à necessidade de a Europa construir um novo modelo de convivência pacífica facto que provocou ao mesmo tempo a criação de várias organizações europeístas e de encontros e outros eventos cujo objectivo o de construir laços entre os países do velho continente. 
Apesar das divergências que radicavam numa prospectiva do que poderia vir a ser a Europa num futuro de médio prazo - uma confederação de estados independentes ou uma federação de estados europeus - a Declaração Schuman deu um primeiro passo para a cooperação entre a França e a Alemanha como forma de contrariar ressentimentos e impulsionar um orientação pacifica e produtiva entre as duas grandes potências continentais. Assim, surgiu entre estes dois países, em 1951 a CECA, Comunidade Europeia do Carvão e do Aço ao qual  aderiram também a Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo e controlada por uma Autoridade supranacional. Com base nesta organização surgiu em 1957 a CEE criada pelo Tratado de Roma núcleo fundador da União Europeia, com os seguintes objectivos: 


Europa Democracia Crista Social Democracia e CEEA UNIÃO EUROPEIA
  • implementação progressiva da livre circulação de capitais, bens e pessoas.
  • livre emprego.
  • livre prestação de serviços. 
  • política agrícola comum, política comum de transportes e de energia. 
Em 1968, estabeleceu-se a união aduaneira que desde logo permitiu um acréscimo imediato do comércio e da intensidade das trocas e da produção agrícola e industrial. 
Em 1973, integraram a CEE, o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca. 
Em 1981 entrou a Grécia para a CEE
Em 1986 entraram Espanha e Portugal para a CEE
Em 1995 entraram a Áustria, Finlandia e Suécia
Em 2004 Chequia, ChipreEslováquiaEslovéniaEstóniaHungriaLetóniaLituâniaMalta e PolóniaEm 2007Bulgária e Roménia. 


A segunda vaga de descolonizações; a política de Não-Alinhamento


Depois da Líbia em 1951, de Marrocos e da Tunisia, Egipto e Sudão ao longo da década de 50 e da Argélia em 1962 o mundo entrou a partir dos anos 60 num novo período de  processos de independência. Enquanto alguns se desenvolveram de forma pacífica outros deram origem a longas guerras de independência. 
De destacar alguns aspectos destes processos: 


Descolonização afro-asiática
  • Muitos dos lideres anticolonialistas foram educados e estudaram nas metrópoles coloniais. 
  • Em geral, os movimentos de autonomia adoptaram um ideário e uma identidade histórica com caracteres de nacionalismo autóctone. 
  • Frequentemente tais movimentos não conseguiram reunir consensos entre as populações por quem lutavam, facto que deu frequentemente origem a lutas civis de carácter étnico e religioso que, algumas delas se prolongam até à actualidade, caso do Sudão, Nigéria e Argélia entre outros países. 
  • Dada a pobreza em que muitos dos lideres autonómicos viviam junto das populações, as guerras de independência assumiram frequentemente um carácter de luta pela igualdade razão que os levou frequentemente a adoptarem a ideologia e a acção revolucionária esquerdista. 
  • Os processos de autonomia foram defendidos sempre pela O.N.U. baseando-se na sua Carta e na Resolução 1514 aprovada em 1960 pela Assembleia Geral, que consagrava o direito dos povos à autodeterminação, condenando por principio a acção armada das metrópoles colonizadoras em sentido contrário. 

O Terceiro Mundo

Entre 1946 e 1976 declararam a sua independência 70 novos países. Dadas as circunstâncias históricas comuns de passado colonial e de semelhantes constrangimentos sociais e económicos podem designar-se em conjunto por Terceiro Mundo. Desde os anos 50 tal designação foi adoptada na Conferência de Bandung de 1955 organizada pelos novos países independentes no sentido de definir estratégias de acção comuns contra o poder económico das grandes potências. Pretendiam constituir uma terceira via de identidade ideológica e cultural e que por isso passou a designar-se como Movimento dos Não-Alinhados criado oficialmente em 1961 na Conferência de Belgrado sob o patrocínio da Jugoslávia. 
Este movimento defendeu incondicionalmente os movimentos de independência africanos e asiáticos tendo para isso utilizado a ONU para promover a defesa dos povos que lutavam pela sua autonomia, nomeadamente da Argélia, Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe. Apesar do esforço de independência e de autonomia ideológica, este movimento acabou por se vincular à influência da União Soviética de Cuba ao longo da década de 70. 
No entanto e apesar dos desejos de libertação do jugo económico das potências colonizadoras, o grande atraso destes países levou-os geralmente a uma dependência face a países importadores das suas matérias primas e fornecedores de bens essenciais ao seu desenvolvimento pelo que acabaram por cair num neocolonialismo que perpetua ainda hoje o seu atraso e a permanência de graves problemas sociais e económicos, como a fome e a pobreza extrema. 

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