O final da 1ª Grande Guerra trouxe grandes mudanças no equilíbrio de poderes internacional. A Alemanha saía destroçada e vencida e a Inglaterra e a França, potências vencedoras do conflito, enfrentavam a dura tarefa da reconstrução económica.
Apesar de afectados pelo conflito os E.U.A. tornavam-se então a grande potência mundial.
Na Conferência de Paz iniciada em Janeiro de 1919 em Paris, com o intuito de negociar e impor aos países vencidos condições e indemnizações, estiveram presentes apenas os países vencedores, entre os quais Portugal. Destaca-se a Mensagem dos 14 pontos ao Congresso dos E.U.A. apresentada pelo presidente Wilson ao Congresso serviu de base às negociações pondo em discussão um conjunto de princípios de diplomacia internacional que aliás serviriam também como agenda trabalho da Conferência de Paz e fundamento da Sociedade das Nações.
Das discussões ocorridas entre os países vencedores da guerra na Conferência de Paz resultaram tratados de paz entre países vencedores e países vencidos:
Tratado de Versalhes entre os aliados e a Alemanha
Tratado de Saint Germain entre os países aliados e a nova república da Áustria
Tratado de Sèvres entre os aliados e a Turquia
Tratado de Trianon entre os aliados e a nova república da Hungria
Tratado de Neuilly entre os aliados e a Bulgária
Triunfo das nacionalidades e da democracia
Os tratados conduziram a uma reorganização do mapa político da Europa e de algumas regiões de África e da Ásia.
Depois do desaparecimento do império russo desapareceram também os grandes impérios centrais da Europa, a Alemanha, Austro-Hungria e Império Turco surgindo em vez deles diversos novos pequenos estados dando prosseguimento ao princípio das nacionalidades defendido pelos políticos liberais desde o século XIX.
Surgiram assim na Europa no final do conflito a Finlândia, Estónia, Letónia, Lituania, Polónia, Checoslováquia, Jugoslávia e Hungria, na Ásia, a Arábia, Curdistão, Arménia, territórios sob mandato da SDN, a Síria, Líbano, Mesopotâmia e Palestina.
A França recuperou a Alsácia-Lorena, a Bélgica ganhou os cantões de Eupen e Malmedy, a Itália recebeu o Tirol e a Istria, a Dinamarca recuperou o norte de Schleswig, a Roménia recebeu a Transilvania e a Bessarábia enquanto a Grécia recebeu a Trácia da Bulgária.
A Alemanha era no entanto a potência mais afectada. Além da perda de territórios na África e Ásia perdia também o seu enorme poder militar (ler texto doc 3 pág 15).
Entre os alemães o sentimento de vingança desenvolveu-se ao longo dos anos tendo como principal alvo a França, considerada responsável pelas duras condições de derrota impostas pelos aliados, o Diktat.
Hitler na sua obra Mein Kampf dá voz a sentimentos revanchistas contra franceses e judeus ao afirmar:
"O sonho da França é e sempre será impedir a formação de um poder sólido na Alemanha, conservando um sistema de pequenos Estados com forças equilibradas e sem uma direcção uniforme, com a ocupação da margem esquerda do Reno para assegurar a sua hegemonia na Europa." e mais adiante, "... assim o judeu é hoje o grande instigador do completo aniquilamento da Alemanha. Todos os ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são da autoria de judeus."
As perdas da Alemanha foram enormes:
- perda dos territórios coloniais
- separação da Prússia Oriental do território alemão através do corredor de Danzig, cidade polaca enclave polaco sob a protecção da Sociedade das Nações.
- Devolução dos territórios da Alsácia e Lorena à França, Eupen e Malmedy à Bélgica, diversas regiões alemãs integradas na Polónia, Checoslováquia e Dinamarca.
- perda de grande parte da frota mercante.
- ocupação pela França das minas do Sarre e da Renânia.
- pagamento de indemnizações de guerra
- desmilitarização da Alemanha com perda de grande parte do exército e da infantaria além da frota naval e aviação de combate.
- desmilitarização da margem direita e esquerda do Reno com ocupação das regiões de fronteira com a França, por exércitos deste país.
Sociedade das Nações
Durante os trabalhos da Conferência de Paz os países vencedores do conflito sob proposta do presidente Wilson dos E.U.A., decidiram a criação de uma organização mundial que propunha a resolução dos conflitos pela via pacífica. Antecessora da O.N.U., na S.D.N. existiam vários organismos como o Tribunal Internacional de Justiça, o Banco Internacional, a Organização Internacional do Trabalho e algumas outras que procuravam dar seguimento aos objectivos propostos pela organização.
Vários problemas acabaram por limitar o alcance de intervenção da S.D.N. dificultando a sua missão e retirando-lhe eficácia:
- Os países vencidos pela guerra como a Alemanha não faziam parte da organização e
- alguns dos vencedores como Portugal ou a Itália não se mostraram satisfeitos com as reparações pagas pelos países agressores.
- Isolacionismo dos E.U.A.
- Regulamentação das fronteiras e a satisfação das reivindicações das minorias nacionais, muito criticada nos países vencidos criando animosidades e oposição às condições dos tratados de paz. O Diktat de Versalhes foi por exemplo muito criticado pelos alemães.
- As relações estabelecidas entre a Alemanha e alguns dos países vencedores da guerra dificultaram a tomada de posições contra as manobras e actividades belicistas de Hitler ao longo dos anos 30.
Documentos 6 / 7A /7B analisar na óptica das consequências económicas e políticas da guerra e da eficácia das S.D.N..
Os constrangimentos da política interna e externa dos E.U.A. levantada pelo lamentável estado dos países europeus e pela questão das reparações de guerra fez com que a S.D.N. perdesse grande parte da sua credibilidade e margem de manobra.
A situação da Europa no pós-guerra era muito difícil (doc. 7C), destruição, quebra demográfica, inflação galopante e desvalorizações monetárias acentuadas.
E.U.A.
A guerra permitiu grande prosperidade aos Estados Unidos da América. No entanto sentiu os efeitos críticos de um período de excesso de produção mas a economia conseguiu recuperar através da adopção generalizada do novo modelo de produção industrial, da concentração monopolista de empresas beneficiando ainda do relançamento da economia europeia. Também a adopção pelos países europeus do Gold Exchange Standard permitiu a reanimação do comércio internacional. Os E.U.A. tornaram-se o grande financiador das economias europeias nomeadamente a alemã permitindo-lhe o pagamento das reparações e indemnizações que eram devidas ao Reino Unido e à França.