FOCOS DE TENSÃO EM REGIÕES PERIFÉRICAS
África subsariana
Desde os anos cinquenta várias regiões do mundo têm sido palco de grande instabilidade e graves problemas económicos e sociais. Se até aos anos oitenta, a Guerra Fria e a dicotomia U.R.S.S. e E.U.A. foram o pretexto que justificava todas as divisões, a partir dos anos noventa após a queda da U.R.S.S. a paz não se instalou em nenhuma região do mundo e a guerra e instabilidade continuam a fazer parte do quotidiano.
Quatro regiões do mundo merecem alguma preocupação pela dimensão dos problemas que ainda persistem:
- África subsariana
- América Latina
- Médio Oriente
- Ex-Jugoslávia
- África Subsariana
Problemas mais graves:
- fomes,
- guerras
- epidemias
- ditaduras e governos brutais
As difíceis condições de vida têm sido responsáveis pela elevada mortalidade na região, marcada por problemas persistentes:
- crescimento incontrolável da população
- perda de valor das mercadorias e exportações africanas
- grandes dívidas externas
- dificuldade de captação de investimentos produtivos
- perda das ajudas internacionais
A história das nações africanas foi marcada por questões de difícil resolução:
- Nacionalismo africano de raiz autóctone motivou os movimentos de independência mas não contribuíram para a unidade nacionalista dos povos após a independência devido a divisões étnicas demasiado fracturantes.
- O neocolonialismo europeu não permitiu o desenvolvimento equilibrado da sociedade africana impondo um modelo de cooperação que favoreceu a implantação de regimes autoritários e brutais.
- Apesar do fim da Guerra Fria e das esperanças de abertura à democratização os países africanos e os seus governantes têm dificuldade em aderir a modelos políticos liberais e moderados.
- As dificuldades, o desemprego e as crises económicas traduzem-se por graves crises de subsistência e pela elevada mortalidade que é fruto do subdesenvolvimento e de políticas autocráticas.
2. América Latina
O século vinte e o actual assistiram a uma sucessão infindável de problemas políticos e de crises conjunturais na América Central e do Sul. Tais crises têm sido marcadas por aspectos socioeconómicos quase sempre invariáveis:
- Sucessão frequente de ditaduras militares em alguns dos maiores países da América Latina.
- repressão policial feroz.
- elevado endividamento externo.
- grande dependência dos capitais e mercados externos.
Outros graves problemas marcaram o passado recente entre 1960 e 1980:
- revolução cubana provocou receios de propagação de comunismo.
- regimes militares fascistas pró-americanos alternando com governos de esquerda provocaram grande instabilidade e frequentes golpes militares e crises políticas.
- surgimento de guerrilhas armadas anti-governamentais facilitaram a divulgação de um modelo de resistência marxista e a implantação de uma opinião pública anti-americana e pró-marxista.
- abrandamento do cariz anticomunista de Jimmy Carter permitiu uma progressiva mas lenta normalização.
A partir dos anos oitenta, o abrandamento da política de intervenção activa americana na América Latina provocou algumas mudanças com reflexos favoráveis na situação política e económica de grande parte desses países:
- políticas proteccionistas de substituição das importações aceleraram o desenvolvimento tecnológico e económico das sociedades sul-americanas.
- défices elevados, desvalorizações monetárias, inflações, subida de juros provocaram graves crises financeiras e bancarrotas.
- políticas neoliberais de abertura ao comércio, aplicadas nas economias mais poderosas da América do Sul levaram a uma inversão do rumo das economias com aumento e diversificação das exportações, captação de investimentos estrangeiros com bons resultados em países como o Brasil, Argentina, Chile, México e Venzuela.
- OEA apoiou a partir de 2001 a democratização dos países da América Latina na Carta Democrática Antiamericana.
3. Médio Oriente
Desde 1948, ano da independência do estado de Israel, a instabilidade política tem tido razões de ordem religiosa na zona da palestina. Ao mesmo tempo as riquezas petrolíferas da região do Golfo Pérsico e península arábica marcaram a época da Guerra Fria e foram pretexto para alguns dos conflitos e crises mais marcantes dos últimos quarenta anos. O fundamentalismo islâmico e a questão palestiniana são questões chave que marcam todos os conflitos da região.
Fundamentalismo islâmico
- surgiu em 1979 no Irão após a revolução islâmica que depôs o chá da Pérsia implantando um governo teocrático dominado pelos ayatollahs.
- É marcado pelo ideal de Jihad e impõem uma configuração política religiosa baseada no Corão.
- Rejeitando os princípios laicos das sociedades ocidentais os países fundamentalistas acentuam os caracteres corânicos na sociedade civil.
- os princípios islâmicos são anti-ocidentais e geralmente aceites pelos países e povos com uma posição mais marcada pelo antisionismo.
Questão Palestiniana
- A questão palestiniana embora com antecedentes tornou-se mais activa após a independência do estado de Israel que na opinião dos árabes da Palestina não teve em conta os interesses dos povos árabes.
- Em 1967, Israel ocupou os territórios árabes através de uma guerra agressiva que durou apenas 6 dias, com o apoio dos E.U.A. e de países ocidentais. A guerra motivou longas querelas políticas e o fortalecimento da oposição e da resistência antisionista levando os árabes a reforçar o papel da Al-Fatah como movimento de oposição armada ao estado judaico.
- Várias guerras israelo-palestinianas levaram a crises económicas de graves repercussões em todo o mundo nos anos setenta e oitenta o que tornou indispensável a negociação de acordos que permitissem ultrapassar os diferendos entre Israel e o povo palestiniano
- Nos finais dos anos oitenta a 1ª Intifada levou a acordos urgentes que evitassem mais violência contra os palestinianos e permitiram a criação do embrião de estado palestiniano na zona de Gaza e na margem ocidental do rio Jordão, acordos de Oslo de 1993 e 1995.
- A Autoridade Palestiniana passou desde então a controlar os territórios habitados maioritariamente por árabes embora com alguma intervenção dos judeus e alguns períodos de violência.
- Em 2000 a 2ª Intifada levou Ariel Sharon a construir um muro de separação entre Israel e os territórios palestinianos a fim de evitar os ataques de bombistas suicidas.
- A partir de 2005 o movimento palestiniano tem sofrido cisões após a morte de Arafat crescendo a desunião entre partidários do Hamas - fundamentalista islâmico e a Fatah.
4. Balcãs - Nacionalismos e confrontos
- 1919 criação do estado da Jugoslávia como monarquia. Pedro I da Sérvia sobe ao trono.
- 1941 Jugoslávia foi ocupada pelos alemães. Guerrilha liderada pelos partisans e por Josep Tito conseguiu vencer os alemães e evitar a intervenção da U.R.S.S. no território.
- 1946 Tito tornou-se presidente da Jugoslávia.
- Anos 50 Jugoslávia não faz parte do Pacto de Varsóvia nem do Comecon. Socialismo não alinhado.
- 1961 Conferência de Belgrado, Tito apadrinha movimento dos não alinhados.
- 1980 Tito morre surgindo dificuldades e desentendimentos entre croatas católicos, sérvios ortodoxos, e bósnios muçulmanos. Diferenças religiosas e culturais entre as seis repúblicas (Croácia, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Eslovénia e Macedónia).
- 1990 eleições na Sérvia deram vitória aos comunistas de Milosevic com a oposição da Croácia, Eslovénia e Bósnia.
- 1991 Em consequência Eslovénia e Croácia declararam independência. A independência da Eslovénia foi tolerada pela Sérvia mas esta república pretende criar uma Grande Sérvia agrupando Sérvios da Croácia e Bósnia e não aceita secessão destas repúblicas
- 1992 Inicio da guerra da Sérvia contra Bósnios e Croatas. ONU intervém mas dá-se uma escalada de violência com bombardeamentos de civis, assassínios em massa, migração de populações, campos de extermínio, limpezas étnicas.
- 1995 NATO intervém militarmente com o apoio dos E.U.A. impondo o fim das hostilidades. Acordos de Dayton dividiram a Bósnia em comunidades sérvia e croata-muçulmana.
- Em 1999 novo conflito no Kosovo e retirada pela Sérvia depois de intervenção armada da NATO. Milosevic foi capturado e julgado pelo Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas mas suicidou-se na prisão.
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